REVIEW // O Lar da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares

22:17:00

O Lar da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares // Ransom Riggs // 2012 // Contraponto // 344 p.
Sinopse
Uma ilha misteriosa. Uma casa abandonada. Uma estranha coleção de fotografias peculiares.
Uma terrível tragédia familiar leva Jacob, um jovem de dezasseis anos, a uma ilha remota na costa do País de Gales, onde vai encontrar as ruínas do lar para crianças peculiares, criado pela senhora Peregrine.
Ao explorar os quartos e corredores abandonados, apercebe-se de que as crianças do lar eram mais do que apenas peculiares; podiam também ser perigosas. É possível que tenham sido mantidas enclausuradas numa ilha quase deserta por um bom motivo. E, por incrível que pareça, podem ainda estar vivas...
Um romance arrepiante, ilustrado com fantasmagóricas fotografias vintage, que fará as delícias de adultos, jovens e todos aqueles que apreciam o suspense.

Opinião
Começo por admitir: comprei o livro porque gostava da capa. Durante as primeiras páginas, não prestei atenção a mais nada senão à parte estética da obra, às fotos antigas e páginas de capítulo decoradas com padrões vintage. E, para meu pesar, quando acabei de o ler, cheguei à amarga conclusão de que isso era tudo a que este livro se resume: uma coisa bonita, porém oca, para se ter na estante a enfeitar.

Uma história que poderia focar-se muito mais naquilo que o título promete - um lar de acolhimento para crianças sobrenaturais - acabou por seguir a história de um puto rico, mimado, arrogante e egoísta que está oh-tão-triste-com-a-vida devido à sua falta de amigos (talvez, atrevo-me a opinar, devido à sua personalidade de meia molhada? Não, o livro dá a entender que é porque ele é demasiado bom para todos os demais neandartais que o rodeiam. Escárnio), à sua família distante e quase negligente mas enterrada em grossas camadas estratigráficas de dólar, money, pilim e verdinho (o que vai ser estupidamente conveniente para o enredo a seguir, porque nada como a facilitação forçada de narrativa, amirite?), e a sua vida desinteressante. Mas atenção! Que ele acaba por descobrir através do seu avô sobre este sítio mágico onde residem crianças com poderes sobrenaturais, escondidas do resto do mundo para sua segurança.

E, vá lá, ainda que a premissa do "rapaz que descobre uma terra mágica da qual acaba por fazer parte" não seja particularmente nova ou original, ainda pode ser bem feita - coisa que este livro não fez. Em vez disso, decidiu levá-la através dos olhos de uma personagem principal bidimensional, queixosa e desinteressante, enrolou-a num sub-enredo romântico desnecessário e forçado (mais um para a lista. A minha alma chora) e polvilhou-a com mãos-cheias de clichés e tropes sobreusadas: a Manic Pixie Dream Girl (EMMA TINHAS TANTO POTENCIAL EMMA), o tão bem caracterizado pela TVTropes "Aww Look! They Really Do Love Each Other" (encontrem-me um livro de YA atualmente que não se socorra desta trope como muleta. Desafio-vos) e o por mim nomeado "Sou um pivete presunçoso que não segue as regras de ninguém mas ATENÇÃO! Eu sou IMPORTANTE™ e ESPECIAL™ portanto as figuras de poder deixam-me fazer o que eu quiser sem consequências!". Quero dizer, podia sentar-me aqui a beber chá de camomila para acalmar os nervos literários e ir listando mais, mas acho que já deu para perceber.

Completem a bonita coisa com um pacing desajustado, uma história sinceramente fraca no geral, uma execução pobrezita e personagens esquecíveis, e aqui têm o que eu honro em coroar o Desapontamento do Mês. Título alcançado com mestria.

★★☆☆☆

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