REVIEW // Black Out - A Cortina da Memória

19:59:00

Black Out // Lisa Unger // 2009 // Editorial Presença // 284 p.

Sinopse

Num primeiro olhar, a vida de Annie Power parece feliz, quase idílica. Vive num bairro rico, na Florida, com um marido que a adora, Gray, e uma filha ainda pequena, Victory. Mas, subitamente, os demónios de um passado que Annie preferia a todo o custo esquecer começam a rondá-la, trazendo-lhe memórias de alguém que ela foi um dia. Annie vê-se envolta numa espiral ascendente de puro terror à medida que as ameaças vão assumindo contornos mais perversos e que luta por recuperar as memórias malditas que poderão ser a única forma de se defender a si mesma e a Victory. Afinal, Marlowe Geary, o serial killer que conheceu anos antes, está de volta, a um passo de aniquilá-la.
— Fonte: Wook


Opinião

De uma autora que, após cometer erros na representação de pessoas com doenças mentais, em vez de desistir de escrever sobre elas, admitiu os seus erros e procurou informar-se melhor de modo a fazer uma representação mais respeitosa e fiel à realidade - assim descreve Unger o processo que levou à escrita de Blackout - A Cortina da Memória.

Uma análise ao trauma, à manipulação, à forma como pessoas com doenças mentais são descredibilizadas socialmente e consideradas indignas de ajuda, aos olhos de uma mãe de família com um passado traumático que suprime e oculta na busca por uma vida normal, mas que regressa para a atormentar. Um enredo interessante, ainda que o pacing tenha sido desajustado em certos pontos, demasiado lento onde não havia muito para dizer, e demasiado apressado onde tanto faltava contar (como na backstory de Annie - porquê a pressa?). 

No entanto, ainda que abordasse o tema delicado da doença mental na sociedade, continuou a fazê-lo de forma amedrontada, pouco profunda; talvez à custa do medo da autora de fazer asneira a escrever personagens com doenças mentais uma segunda vez, mas acabou por deixar de fazer críticas fortes que seriam bem pertinentes. Ficou-se pelo "por isto é que se deve prestar atenção quando pessoas traumatizadas dizem que algo está errado, vêem?" e não saiu muito daí. Também podia ter aproveitado a deixa e colocado alguma transversalidade de minorias no seu cast além das pessoas com doenças mentais (cuja quota se resume a uma - a principal), mas não o fez e o elenco da história saiu todo o vosso Típico Personagem Escolha dos Consumidores™. E, por não ter arriscado meter muito o pé na água, ficou-se por isto; um bom livro, ainda que mediano e com pouco de singular.

★★★☆☆

Posts Sugeridos

0 comentários

Popular Posts

Like us on Facebook

Flickr Images